domingo, 11 de março de 2012

Comboio

No comboio estava um homem que olhava para o seu telemóvel e sorria. O seu olhar revelava desejo e ânsia. Um nervoso miudinho crescia dentro de si conforme o comboio avançava sobre os carris. Na sua opinião, este movia-se devagar demais, ele queria ir até ao motorista para lhe pedir que acelerasse, não parando nas estações que o separavam do seu destino, já que tinha uma bela mulher à sua espera.
Na sua mão esquerda, brilhava uma aliança de ouro, para a qual ele olhou e desejou que a sua esposa fosse mais como a loiraça que o esperava. Na noite anterior, a meio de uma conversa ela insinuou que sabia do seu segredo, mas não adiantou mais a conversa, pelo que ele pensou que seria apenas produto da sua imaginação.
Durante a semana inteira ele ansiava por aqueles encontros secretos de sexta-feira, quando ela o esperava nua no mesmo quarto de hotel que ele usava há anos, em primeiro com prostitutas e depois com várias amantes que tivera. E apesar da sua ânsia, o comboio movia-se nos carris como sempre lentamente seguindo o seu percurso pela cidade.

2 comentários:

  1. Os comboios são sempre bons espaços de observação. E de tentarmos descobrir uma história por detrás das pessoas que lá encontramos.

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  2. Há muito tempo que não viajo de comboio, talvez isso explique a minha falta de imaginação no momento ^^

    Ele usa há anos outras que não a esposa. Tristemente um lugar comum.
    Boa semana

    Beijo

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